quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

SER SERVO, UMA GRAÇA POUCO DESEJADA

De fato o objetivo da época é o sucesso, o poder, o topo e o primeiro lugar. Meninas desejam ser capas de revistas, rapazes desejam o pódio mais alto, mulheres desejam caminhar por tapetes vermelhos da fama e homens desejam negócios, não apenas prósperos, mas que estejam em evidência, que possam aparecer na mídia. Temos presenciado uma geração competitiva, quando todo mundo passa a ser um adversário a ser vencido. Por isso há pouco espaço para cooperação, cumplicidade e amizade. Poucos são os que respeitam e admiram as pessoas que estão em posição de comando ou liderança, porque no íntimo da maioria não existe a alegria do sucesso do outro. Muitas vezes até colegas de trabalho se vêem como oponentes. Ainda me lembro de uma mulher que planejou a morte de uma colega de trabalho pois queria tomar o seu lugar dentro do espaço profissional. É claro que dificilmente em uma igreja se chegará a tanto, mas quantas vezes se mata psicologicamente irmãos com palavras, ofensas e comentários maldosos. Quantos já não deixaram algum cargo, algum trabalho ou mesmo a liderança de um ministério porque não suportaram as críticas desnecessárias, o olhar invejoso ou a expressão de antipatia? Claro, não deveriam ter abandonado os seus postos, sabendo que o reconhecimento e a recompensa vem antes de mais nada do Senhor. Mas o fato é que deixaram as suas posições porque não suportaram tantos ciúmes, invejas e competição. Infelizmente isso tem ocorrido com frequência. Para o espírito deste século não há espaço para a verdadeira colaboração, para a ajuda sem interesses, para o estender a mão apenas para ver o outro indo mais longe nas suas conquistas. É o espírito totalmente contrário ao ensinamento de Jesus: "Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos" (Marcos 9.35).

Diante das palavras de Jesus fica evidente que precisamos mesmo aprender a nos despir da mentalidade dos dias de hoje: a mentalidade competitiva, egoísta, centralizada nos interesses pessoais e amante do exibicionismo. Para sermos primeiros no Reino precisamos aprender a servir, mas, não resmungando, não com má vontade. O apóstolo Paulo recomendou: "Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas" (Filipenses 2.14). O verdadeiro servo é aquele que tem o coração de servo. Jesus disse: "Se alguém quiser". Não é algo que vem de fora, não é algo imposto, não é algo forçado, antes, uma escolha voluntária na graça do evangelho. "Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro". Derradeiro? Parece contraditório, mas não é. O Reino tem outros valores. O Reino tem outras perspectivas. Jesus estava querendo dizer que o nosso eu nunca deve querer ficar à frente dos demais. A prioridade não deve ser o nosso conforto, a nossa felicidade ou mesmo a nossa própria vida. "Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo" (Filipenses 3.7). Por isso em seguida Jesus fala sobre ser "servo de todos". Em outros termos, Ele está ensinando o significado de uma vida liberta do orgulho e da mesquinhez. Quanto mais o ser humano se volta para si, mais vazio e infeliz é. Em alguns momentos estive acompanhando noticiários sobre a vida dos famosos. Sim, pessoas bonitas, com muito dinheiro, fama e sucesso, mas desgraçadas no amor e na vida pessoal. Muitas delas alcançaram o topo da fama, são conhecidas no mundo inteiro, ganharam prêmios internacionais, mas são totalmente solitárias, deprimidas e vazias. É claro que não é pecado ter riqueza ou fama, mas quando a vida é voltada para isso, mais cedo ou mais tarde, a infelicidade, a escuridão e a tristeza inundarão a alma. Portanto, Jesus estava certo quando disse que se "alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos". Ele sabia perfeitamente o que estava dizendo. Ele conhece o autêntico caminho da felicidade e realização na vida. Por isso, Ele "aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo" (Filipenses 2.7). E você e eu? Que caminho estamos seguindo? A verdade é que ser servo nos dias de hoje, trata-se de uma graça pouco desejada. Mas que Deus por sua infinita graça e misericórdia, venha nos capacitar a seguir o exemplo de Jesus. Amém.

Pr. Adriano Xavier Machado

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