“Vem pra Jesus, você que anda de transporte coletivo e Ele vai te dar um carro”. “Vem pra Jesus você que paga aluguel e ele vai te dar uma casa própria.” “Vem pra Jesus você que tem muitas dívidas e Ele vai pagar todas as suas contas”
O discurso é conhecido. Algumas vezes mais descarado, outras de modo mais manso, mas o fato é que líderes evangélicos (principalmente os tele-evangelistas) gostam de associar a obra de Jesus com dinheiro. A massivamente difundida teologia da prosperidade prega um capitalismo porco, meritocracia barata onde quanto mais você semeia [investe], mais bênçãos você alcançará [lucro]. Se esquecem de que o evangelho nunca foi e jamais será o poder de Deus para favorecer o homem e sim para transformar o homem.
Se olharmos para o exemplo de Zaqueu, aprenderíamos algo que os pregadores teriam asco de dizer: quando vamos para Jesus, a tendência é ficarmos pobres e não ricos! Durante o jantar em sua casa, o publicano bate na taça, pede a palavra e declara: “Olha Senhor, estou dando metade dos meus bens aos pobres, e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais”. A Bíblia diz que Zaqueu era o maioral dos publicanos, e sendo assim, provavelmente deveria ter extorquido muita gente e perderia muito dinheiro em restituí-las em 4 vezes mais. Zaqueu ficaria pobre após essa ação. Mas é só depois dessa declaração que Jesus diz: “Hoje houve salvação nesta casa”.
Não trata-se de uma ricofobia. Mas há algo errado em pregações que dizem que Jesus está interessado em dar dinheiro a algum homem. O dinheiro deve servir ao homem tão somente para praticar a justiça: dar a Deus o que é de Deus, dar a César o que é de César, e por fim, não deixar que nenhum ser humano passe dificuldade, pois somos todos iguais perante a Deus. Francis Bacon disse que o dinheiro é como o esterco, só é bom se for espalhado.
Nossos seminários de finanças são patéticos. Ensinam dicas de como acumular depois de dar o dízimo e pagar os impostos. Nossos encontros são desprezíveis. Damos valor àqueles que chegam de carro importado ou com roupa cara. E desse modo, somos levados a acreditar que quanto mais acumularmos, mais aceitação teremos. No livro “Por que tarda o pleno avivamento?” Leonard Ravenhill responde sucintamente a sua dúvida inicial:
Por que tarda o avivamento? A resposta é muito simples. Tarda porque muitos pregadores e evangelistas estão mais preocupados com dinheiro, fama e aceitação pessoal do que em levar os perdidos ao arrependimento
Evangelho é Deus vindo em busca do homem através de Jesus. E esta busca de Deus é para nos salvar e nos ensinar a viver praticando o amor fraternal e a justiça. Não é para nos dar mais dinheiro para termos mais o que ostentar. Zaqueu ficou rico de verdade após dar todo o seu dinheiro. O seu valor não estava mais no dinheiro que acumulava, mas em Jesus Cristo, que o ensinava a prática da justiça e do amor fraternal.
Encerro com uma frase que nos leva a refletir. John Henry Jowett, pastor inglês que viveu no século XIX disse que “a verdadeira medida de nossa riqueza está em quanto valeríamos se perdêssemos todo nosso dinheiro”.
Que o nosso valor não esteja em números em uma conta bancária, mas em frutos no nosso coração.
Luciano Bruno
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