sábado, 14 de julho de 2012

“Todo pastor é um ladrão”. Um desabafo


Eu gostaria de começar esse artigo com uma ilustração futebolística. Vamos imaginar a carreira de um jogador fictício chamado Robiscley Ferreira.

Robiscley mostrou-se um craque desde a sua juventude, galgou altos degraus na carreira esportiva graças à sua habilidade com a pelota. Foi ídolo dos clubes por onde jogou, tanto no Brasil quanto no exterior. Os anos passaram, e levaram embora o vigor da juventude, no entanto, Robiscley ainda joga profissionalmente, repatriado por um grande clube nacional.

Porém, ele já não é frequente aos treinos, possui uma vida noturna agitada e regada a bebidas. Isso já lhe rendeu duras críticas e alguns escândalos nos jornais.


Sejamos sinceros, o Robiscley é um atleta profissional? Sim, ele continua jogando, mesmo que aos trancos e barrancos. Mas, ele tem ATITUDES que se esperam de um jogador profissional?

Ai as coisas mudam. Não podemos chamar de profissional alguém que não exerce as atividades relacionadas ao seu ofício. Deixando a nossa analogia um pouco de lado, esse texto é apenas mais um desabafo com a generalização que fazem dos pastores.

Essa semana ocorreu mais um escândalo envolvendo um “pastor”, um carro importado e uma mala de cheia de dinheiro. Não vou entrar em detalhes por que esse não é o foco desse artigo. Eu quero expressar a minha tristeza com a generalização envolvendo a figura do pastor.

Bastou essa notícia se espalhar pela web, para que vários comentários pipocassem pelas minhas timelines. “Pastor é tudo bandido mesmo”; “E os trouxas vivem dando dinheiro pra esses canalhas”; “Quero ver o que aquele crente chato da minha rua vai falar agora”.

Essa generalização me deixa muito triste. Quando surgiram as evidências sobre aquele cirurgião plástico que usava silicone industrial em suas pacientes, todos os tacharam de “monstro”, “insensível”, “antiético”. Mas não ouvi NINGUÉM falar algo como: “Todo cirurgião plástico é desumano!”

Infelizmente, criou-se esse estereótipo em volta da figura do pastor pelos maus exemplos de alguns “reverendos” presentes na mídia.  Nesse momento eu trago de volta a alegoria do Robiscley. Assim como o nosso amigo boleiro, muitos “reverendos” começaram bem a carreira da fé, no entanto, em algum ponto deixaram de exercer as características de sua vocação. Estão em púlpitos? Na TV? Na internet? Dirigindo grandes igrejas? Sim. Eles estão passando, com suas atitudes e modo de vida, exemplo de verdadeiros pastores? Nem um pouco!

Os seus escândalos estão na mídia, e mesmo assim milhares continuam seguindo aos seus ensinamentos, sem ao menos questionar. E esses “reverendos” criaram uma ninhada de lobos devoradores transvestidos de pastores, cujo único intuito é ser um animador de auditório gospel, nada comparado a uma verdadeira vocação pastoral. Esses se assemelham aos jovens atletas dessa geração, que acham normal sair para bebedeiras e se envolverem em farras que venham a ilustrar as revistas de fofocas, Desde que joguem bem no Domingo, eles não encontram nenhum mal nisso.

O verdadeiro pastor cuida do povo sobre sua liderança, com o zelo de alguém que deve prestar contas ao sumo pastor (1 Pedro 5. 1 a 4). A vocação para o ministério é para que o obreiro sirva de instrumento para o aperfeiçoamento dos santos (Efésios 4. 11 e 12). Muitas são as características que marcam um ministro de Cristo, mas Paulo resumiu muito bem em 1 Coríntios 4. 1 e 2.

Eu tenho certeza que esse texto vai atingir pessoas que, infelizmente, só teve contato com os “reverendos” da mídia. Eu peço que você preste mais atenção a essa parte final do meu texto/desabafo. Sabe por que você raríssimas vezes encontra notícias na mídia mostrando as obras dos verdadeiros pastores?

Pense mais um pouco, na pergunta.

Por que os verdadeiros pastores estão PASTOREANDO.

Estão denunciando o estado pecaminoso da humanidade e alertando sobre a necessidade de arrependimento. Isso não dá IBOPE.

Eles estão visitando hospitais, presídios e asilos com uma mensagem de esperança e paz com Deus. Isso não dá IBOPE.

Eles estão trabalhando na comunidade, retirando pessoas da prostituição e dos vícios. Isso raramente dá IBOPE.

Eles estão aconselhando e orando por famílias que estavam próximas do rompimento. Mas isso não dá IBOPE.

Eu sei que você não é uma pessoa preconceituosa e, diante desses argumentos, eu peço que reconsidere quando for tecer comentários sobre os homens vocacionados por deus para essa boa obra. Eu sei que existem muitos pilantras enganando multidões por ai. No entanto, o mundo está cheio de homens e mulheres que doam as suas vidas por amor ao próximo.

Que o bom Deus te abençoe!

“E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, o qual nos fez também capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, e o Espírito vivifica” (2 Coríntios 3. 4 a 6).

Alexfábio Custódio

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