As maiorias absolutas das Igrejas Batistas no Brasil já possuem algum tipo de Ministério específico exercido por Mulheres, elas estão presentes na área da Música (Ministras de Música) na área da Educação Cristã (Ministras de Educação religiosa) na área da ação social (Ministras de ação social ou serviço social) e outras.
Devido ao crescimento das Igrejas e diversificação do público a ela agregado foi necessário “compartilhar a função pastoral” de liderança nas diversas áreas, pois só assim todo o rebanho de Deus poderia ser alcançado por um ministério ágil e eficiente, daí porque vemos hoje a multiplicidade de ministros (homens e mulheres) auxiliando o ministério pastoral nas suas mais diversas funções na Igreja.
Quando fui convidado pelo presidente da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil (Pr. Davi Baeta Mota) para discorrer sobre este tema, senti muito a vontade, pois creio que a questão da Ordenação Feminina ao Ministério Pastoral perpassa por alguns vieses importantíssimos que precisam ser considerados com muita seriedade:
1. Quem ordena ao Ministério ao meu sentir é a Igreja Local, e dentro do princípio Batista de autonomia da Igreja Local é a Igreja quem reconhece a liderança da pessoa que haverá de servi-la enquanto liderança espiritual (pastoral), portanto, não cabe ao meu ver a Ordem dos Pastores Batistas do Brasil definir a questão da ordenação em si, esta questão pertence à Igreja Local. A ordem pode decidir se aceita ou não em seus quadros a presença da liderança pastoral feminina, o que não impede que ela exista por si mesma e nem que ela se organize como Ordem de Pastoras Batistas do Brasil.
2. Se considerarmos a Liderança pastoral como DOM ESPIRITUAL conforme preceitua a Bíblia em EFÉSIOS 4:11, então vamos Ter muitas dificuldades para respondermos alguns questionamentos em nossas Igrejas tais como: Os dons espirituais são para todos os crentes? Incluindo as mulheres? E se são, porque o Dom de pastor não se aplica às mulheres? E se os dons são para as mulheres, porque elas não podem exercer o Dom do pastorado? Questões como estas precisam ser consideradas com muita profundidade e coerência Bíblica.
3. Outro fato relevante que precisamos considerar é a histórica atuação das mulheres nos CAMPOS MISSIONÁRIOS. O que diferencia a atuação das nossas missionárias e dos pastores no campo de trabalho? Elas não fazem exatamente o papel de um pastor no campo missionário? Não pregam, não ensinam, não visitam, não coordenam todo trabalho, não orientam casais e etc...Porque não podem ser autorizadas pela Igreja local oficiar ceia, batismos, casamentos e etc...? Existem várias Igrejas de nossa denominação que já fazem isto há muito tempo, sejamos sinceros e honestos, nossas missionárias são pastoras de fato, e o povo que está sob a liderança delas, não as vê de outra maneira.
4. Precisamos reconhecer os diferentes níveis de liderança que a Bíblia estabelece, a luz da experiência que vivemos no dia a dia em nossa sociedade. Por exemplo: Quem é o líder na casa da Família Garotinho no Rio de Janeiro? Certamente como esposo o ex-governador exerce a sua liderança como “sacerdote do lar” mas secularmente falando a Governadora Rosinha Garotinho é a Líder, pois ocupa a função de Governadora de Estado. O Mesmo acontece numa casa onde os cônjuges são oficiais e o Oficial de maior graduação é a esposa, ela submete-se como esposa ao marido, mas ele submete-se a ela por ser oficial superior. Assim, não há ao nosso ver, nenhuma dificuldade das mulheres ocuparem a função de pastoras na Igreja de Jesus, pois estarão desempenhando uma função delegada pela Igreja que não choca em nada com a sua condição de esposa, caso esta seja casada.
5. Vemos Mulheres ocupando a função de liderança espiritual tanto no Velho Testamento como no Novo Testamento, o Novo testamento cita as filhas de Felipe como profetizas (Atos 21:9), em II REIS 22: 14 a 20 Hulda julgava o povo de Deus, e o sacerdote Hilquias vai até ela para buscar orientação de Deus. Se ele fosse um pastor iria até ela? Será que a ida do sacerdote até a profetiza Hulda diminuiu a sua postura como sacerdote de Deus? Encontramos também DÉBORA julgando o povo de Deus em JUÍZES 4:4 e 5, vemos que muitos anos antes de pensarmos numa mulher como pastora, as mulheres já exerciam posição de liderança na BÏBLIA, pois quem eram os juízes senão porta-vozes de Deus para o seu povo?
6. Percebemos nitidamente que a liderança feminina está conquistando fronteiras antes intransponíveis, pois nações ortodoxas, conservadoras como a ALEMANHA na Europa, o CHILE na América Latina, a LÍBIA no continente Africano, optaram recentemente pela liderança feminina como alternativa de nova visão política, como alternativa de percepção diferenciada da realidade, como possibilidade de mudanças, não podemos fechar os olhos para o que está acontecendo também em nossas Igrejas, quando é nítido que o número de Mulheres na membresia é bem maior que os homens, e o número de teólogas a cada dia aumenta, é visível e perceptível que a liderança feminina também vá conquistando o seu espaço junto ao ministério pastoral, ocupando talvez uma lacuna que existe há vários anos.
7. Um detalhe que me chama bastante a atenção é o número de pastoras que já existem nas diversas Igrejas evangélicas, pastoras solteiras e casadas, muitas delas estão em total sintonia com os esposos nos seus ministérios, atuam de maneira brilhante junto a membresia da Igreja e são um verdadeiro bálsamo para a vida dos pastores. É claro que nem toda esposa de pastor tem o Dom de pastorear, mas muitas destas esposas são “verdadeiras pastoras na Igreja”, e aí do pastor sem elas, algumas até já receberam o título honorífico de “pastora”, dado pela própria Igreja, que assim as chama carinhosamente em reconhecimento pelo seu talento, trabalho e dedicação. Creio que chegou a hora de assumirmos o que já existe na prática ha muito tempo!
8. Se perguntarmos aos membros de nossas Igrejas sobre a possibilidade da Ordenação Feminina, vamos ficar surpreendidos com as respostas, porque sem dúvida alguma a grande maioria do nosso povo já vê a atuação feminina na área da “liderança pastoral” no dia a dia das Igrejas e já reconhece que existem verdadeiras pastoras entre nós, só não tem o título...
9. Pastoras são essenciais? Claro que são, pois o campo está branco para a colheita. Vamos contrariar a Bíblia através desta prática? Ë claro que não, pois do contrário já estaríamos contrariando há muito tempo com a liderança pastoral exercida pelas missionárias. A Bíblia não condena a ordenação feminina, bem como não condena a consagração de diaconisas, não encontramos nomes de mulheres na lista de diáconos de Atos 6, mas entendemos que Febe servia a Igreja e por isso achamos que as irmãs também podem servir ao povo de Deus, o mesmo princípio também pode ser aplicado ao Ministério Pastoral, principalmente se consideramos o Ministério pastoral como uma chamada, um Dom vindo do Espírito Santo de Deus. O que você diria a sua filha se ela lhe dissesse: “Eu senti o chamado de Deus para ser pastora?”
10. Queridos irmãos Pastores o que mais nos ameaça nesta questão da ordenação feminina não é, ao meu ver, a questão Bíblica – teológica, nem é a questão cultural – religiosa, o que mais nos ameaça nesta questão: é o medo que temos de dividir a liderança com alguém, o medo de alguém ocupar o nosso espaço, de alguém nos superar em nossos “ministérios brilhantes e fascinantes”. Enquanto este sentimento perdurar em nossos corações, não haverá abertura para considerarmos a questão da Ordenação Feminina. Reflita sobre isto.
Pr. Evaldo Carlos dos Santos
PIB da Praia da Costa
Vila Velha - ES
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Só não concordo com alguns pontos: a) Você deixaria uma esposa de médico lhe operar o cérebro sem ela ter curso de medicina, só pelo fato de ser esposa de médico? Se não, então uma esposa de Pastor jamais pode ser considerada Pastora só pelo fato de ser esposa de Pastor. b) As Pastoras precisam ter curso de Teologia e vocação: como pode alguém ensinar os outros se ele próprio não sabe? É fundamental ler na Internet os 4 assuntos pesquisando: oitavo rei apocalíptico.
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